terça-feira, 13 de outubro de 2009

Aposto e Vocativo

Apesar do nome deste conceito de análise sintática, o vocativo é um termo isolado da oração que faz parte do seu dia-a-dia. Veja o que é e saiba como identificá-lo. "Ó de casa, posso entrar?"Você já deve ter ouvido essa expressão curiosa e indiscreta. Pois bem, a expressão "ó de casa" no exemplo acima é um vocativo.
Vocativo é a expressão que indica um apelo. Usando um vocativo podemos invocar, no discurso direto, um interlocutor. É por isso que o uso do vocativo marca a existência de um diálogo, real ou imaginário.Podemos ver vários exemplos de vocativos usando a interjeição ó.
Ó meu Deus,que vou fazer agora?
Ó minhas filhas, não me façam sofrer.
Temos o vocativo até no Hino Nacional, você se lembra?
Ó Pátria amada, idolatrada, salve salve!
vocativo é utilizado tanto na linguagem afetiva ou coloquial como na linguagem elevada e poética.Vamos ver como o poeta árcade Tomás Antonio Gonzaga chamou sua amada Marília dentro de seus versos:
“Enquanto pasta alegre o manso gado, minha bela Marilia, nos sentemos à sombra deste cedro levantado.”
O poeta romântico Castro Alves também usou o recurso do vocativo:
Dizei-me vós, senhor Deus!
Na linguagem de todos os dias, o vocativo está sempre presente. Quando redigimos cartas ou bilhetes a alguém, usamos o vocativo. Quer ver?
Querido Paulo:
Espero que você esteja bem.
No caso de cartas comerciais ou ofícios, há possibilidades diferentes de usar a pontuação.
Querido Paulo,[com virgula]
Querido Paulo:[com dois-pontos]
Querido Paulo[sem nada: uma versão mais simples]
O vocativo pode estar no início, no meio ou no fim da oração:
Minha bela, os mares não se movem...
Os mares, minha bela, não se movem...
Os mares não se movem, minha bela...
Sempre, sempre o vocativo aparece isolado entre vírgulas, se estiver no meio da oração. Claro, se estiver no começo, usamos a vírgula depois. Se o vocativo estiver no fim da oração, usamos a vírgula antes.Outra curiosidade, pensando em análise sintática. O vocativo, por se referir a um interlocutor, não está subordinado a nenhum termo da oração. Só mais um detalhe: Não confunda a interjeição ó com oh!, que exprime admiração, alegria ou qualquer outra forte emoção. Depois do oh exclamativo usamos uma vírgula, o que não acontece com o ó vocativo. Oh, céus! Oh, dia! Oh, azar!Ah, só para completar o diálogo no comecinho desse texto:"Ó de casa, posso entrar?""Claro, meu amigo! Estava mesmo pensando em você.""Oh!"






Aposto
Entenda o que é o aposto, um dos termos acessórios da oração, do ponto de vista da análise sintática.A rosa, símbolo da paixão, é uma flor linda. Essa oração também poderia ter sido dita da seguinte maneira, mais simples: "A rosa é uma flor linda". Seria fácil analisá-la sintaticamente.A rosa = sujeitoé = verbo de ligaçãouma flor linda = predicativo do sujeitoTemos uma oração completa. Entretanto, ao adicionar "símbolo da paixão" à oração, ganhamos uma "explicação" a mais. É esse o papel do aposto.
Aposto é o nome que se dá às palavras que cumprem a função de explicar, esclarecer ou resumir um outro termo da oração, sem ocupar uma função sintática.
No famoso "Soneto de Fidelidade", o poeta Vinícius de Moraes refere-se à morte e à solidão da seguinte maneira:
A morte, angustia de quem vive
Aposto
A solidão, fim de quem ama
Aposto
O poeta está definindo a morte e a solidão. Na maior parte dos casos, o aposto tem um sentido explicativo. Ele busca dar maior precisão ao termo que o antecede, explicando melhor o que foi dito anteriormente.Vamos apreciar mais alguns exemplos de aposto.
Todos conhecem Vinicius de Moraes, o poeta.
Cleópatra, a rainha do Egito, era excêntrica.Note agora um fato interessantíssimo. O aposto simplesmente tem a mesma função do termo que o antecede. Nos exemplos acima, Vinícius de Morais seria objeto direto e rainha do Egito seria sujeito.Esquematizando:
Todos conhecem Vinicius de Moraes, o poeta.
Objeto
Cleópatra, a rainha do Egito, era excêntrica.
Objeto
Vamos conhecer alguns outros tipos específicos de aposto:Ele pode ser uma enumeração:
O banho perfumado pede três ingredientes: Rosas vermelhas, óleo de sândalo e cravo-da-india.
Pode ser um resumo do que foi dito anteriormente:
Rosas brancas,champanhe, vermelhas, amarelas e cor-de-rosa, todas têm sua beleza especial.O aposto também pode ser uma comparação:
Suas faces, pétalas de rosa, são delicadas e suaves.


Conclusão:

Aposto é o termo que, acrescentado a outro termo da oração, explica ou esclarece o sentido de um nome; aparece geralmente separado por vírgulas ou depois de dois pontos. O aposto pode ser: - explicativo: Alexandre, presidente do clube, fez a premiação. - enumerativo: Tocaram duas músicas: um samba e um forró. - recapitulativo (resumidor): Os atabaques, os tamborins, as cuícas, tudo ficou lá. - comparativo: “A inflação, monstro devorador dos salários, é sempre uma ameaça...” - especificativo (esse tipo não se separa por pontuação do nome a que se refere): A escritora Lygia Fagundes Telles lançou mais um conto. Vocativo é um termo descolado sintaticamente da oração, não pertence nem ao sujeito, nem ao predicado. Ele serve para invocar o receptor da mensagem. Ex: “... a vida, Luzia, dura só um dia.” (João de Barro) vocativo

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